Em seguida foram enterrados os corpos dos alunos Kaio Lucas da Costa Limeira e Caio Oliveira. Eles também foram aplaudidos por amigos e familiares que acompanhavam o sepultamento.
O quarto corpo enterrado foi o da inspetora Eliana Regina de Oliveira Xavier, de 38 anos, que trabalhava desde 2016 na escola. Familiares pediram para que o caixão fosse aberto para olhar o rosto dela pela última vez antes de o corpo ser enterrado – também sob aplausos.
Durante o ataque, ao ver um dos assassinos, Eliana entrou na frente de alguns estudantes. "Ela tratava todos nós, os alunos, como se fosse a mãe da gente. Ela era educada, carinhosa. Se tivesse qualquer tipo de problema, podia conversar com ela", contou Camile Rocha Máximo, ex-aluna de Eliana.
O quinto e último corpo, de Cleiton Antônio Ribeiro, 17, chegou ao cemitério no início da noite desta quinta (14), com atraso, pois a família esperava um parente que mora na Bahia.
Os pais do menino choraram, abraçados, e saíram amparados do enterro do filho, o único do casal. A primeira filha deles morreu antes de o menino nascer. A mãe levava Cleiton na escola todos os dias.
Ela contou que ajudou o menino a montar um currículo. "Ele queria fazer Direito, mas já estava mudando de ideia", disse.
Ronaldo Jesus Conceição, 44 anos, professor e primo de Cleiton, disse que a família acredita que ele tenha se despedido da mãe no dia do atentado.
"O pai vendeu um terreno para custear a faculdade dele. Os primos mais velhos como eu estávamos incentivando ele para continuar a estudar e dando dicas para ele ser um menino de sucesso. Todo mundo gostava dele. Não tinha nenhuma inimizade, fazia o bem, era sorridente e carinhoso com os pais. Ele dava um beijo na mãe todo dia antes de sair para a escola. No dia do ocorrido ele deu dois, a gente achou isso surpreendente, ele deu um beijo como o de costume e o outro para se despedir. Ele estava muito feliz porque o pai ia fazer uma festa dele de 18 anos no aniversário em dezembro. Ele estava esperando tudo isso", contou.
Um cortejo acompanhado por familiares e amigos das vítimas do massacre na Escola Estadual Raul Brasil levou os cinco corpos da Arena Suzano, onde ocorreu o velório, para o Cemitério Municipal São Sebastião.
Debaixo de chuva, pessoas acompanharam os carros que deixaram o ginásio, onde o velório reuniu cerca de 10 mil pessoas. Todos os corpos passaram primeiro pela capela, apenas com a presença da família. Em seguida, uma multidão acompanhava cada corpo até o local do sepultamento. Uma cerimônia marcou a descida de cada caixão.
"Não tem como não se colocar no lugar das outras mães, é a mesma dor. Como se fosse um pedacinho do filho da gente", disse a auxiliar de enfermagem Sandra Rocha dos Santos, emocionada.
O primeiro sepultamento, de Samuel Melquíades, contou com a oração de um pastor presente.
Mais de 20 coroas de flores foram distribuídas pela arena. Uma grade dividia a área reservada para as famílias das vítimas, e um corredor foi montado para o público circular pelo local. O prefeito de Suzano, Rodrigo Ashiuchi, e o ministro da Educação, Ricardo Vélez, estiveram no velório. Vélez passou diante de cada caixão e abraçou as famílias.
Mais cedo, o corpo de Jorge Antônio de Moraes foi enterrado no Cemitério dos Ipês. Jorge morreu assassinado pelo sobrinho na loja de carros em que era dono. Deixou mulher e três filhos de 27, 22 e 15 anos. Ele era dono de uma loja de vendas de carros usados, onde também funcionava um estacionamento e lava-jato.
"Uma pessoa do bem, um bom amigo, pai de família, uma pessoa de caráter ímpar", disse Leandro Faria, amigo de Jorge.
A família do estudante Douglas Murilo Celestino, de 16 anos, preferiu se despedir numa cerimônia reservada. Debaixo de chuva forte, eles se abraçaram no fim da tarde desta quinta (14). "Hoje eu não perco um amigo. Eu perco um irmão. Uma parte de mim", disse Ian Lucas, amigo de Douglas.
O corpo da coordenadora da escola Marilena Umezo será sepultado apenas no sábado (16), quando um dos filhos dela retornar do exterior.
"É triste saber que uma pessoa que se empenhava muito para a educação, e pensava na educação como essa educação de transformar, tenha sofrido uma situação dessa", lamentou Taís Bernardes, amiga de Marilena.
Ataque
Um adolescente e um homem encapuzados atacaram a Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP), na manhã desta quarta-feira (13) e mataram sete pessoas, sendo cinco alunos e duas funcionárias do colégio.
Em seguida, um dos assassinos atirou no comparsa e, então, se suicidou. Pouco antes do massacre, a dupla havia matado o proprietário de uma loja da região.
Os assassinos – Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, de 25 – eram ex-alunos do colégio.
A polícia diz que os dois tinham um "pacto" segundo o qual cometeriam o crime e depois se suicidariam.
Ainda não se sabe a motivação do crime. Foram feitas buscas na casa dos assassinos, e a polícia recolheu pertences dos dois. As famílias dos criminosos também foram ouvidas.
Mais cedo, o corpo de Jorge Antônio de Moraes foi enterrado no Cemitério dos Ipês. Jorge morreu assassinado pelo sobrinho na loja de carros em que era dono. Deixou mulher e três filhos de 27, 22 e 15 anos. Ele era dono de uma loja de vendas de carros usados, onde também funcionava um estacionamento e lava-jato.
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