“Estamos muito tristes. A nossa nova sede foi inaugurada há uma semana. Estou em choque com a situação. Na primeira semana, ocorre esse assassinato. Agora queremos trabalhar para que as pessoas se sintam seguras aqui. Para que isso não continue acontecendo nos órgãos”, assinalou outra testemunha.
Segundo um funcionário da secretaria que estava no andar onde a servidora foi morta, o homem “atazanava” a vítima havia pelo menos dois anos. “Ele já foi em outras sedes da secretaria. Perturbava demais. Até a arma dele já tinham tirado dele, por conta disso”, afirmou.
O servidor ainda reclamou das condições do prédio atualmente ocupado pela pasta. De acordo com ele, os funcionários estão ali instalados desde março em condições precárias. “É um em cima do outro e não tem segurança alguma. Está horrível”, reclama, alegando falta de espaço. O prédio passa por obras, justamente para adequar o local à sua destinação.
Ameaça
No prédio, há câmeras de segurança, mas não detector de metais. Em março deste ano, um professor de violino da Escola de Música de Brasília (EMB) invadiu a sede da Secretaria de Educação, no Setor Bancário Norte. Ele estava armado com uma faca e uma besta (espécie de arco e flecha), mesmo equipamento utilizado pelos atiradores do massacre da Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP). Ele também tinha cinco setas dentro da mochila.
O homem subiu até o 12º andar do prédio, localizado no Bloco C da Quadra 2 do Setor Bancário Norte. No pavimento funciona o gabinete do secretário de Educação, Rafael Parente. O chefe da pasta não estava no momento, pois tinha ido ao Palácio do Buriti para se reunir com o vice-governador do DF, Paco Britto. O professor acabou preso e depois foi internado em um hospital psiquiátrico.
Em nota, a PCDF confirmou o envolvimento de um servidor da corporação no feminicídio seguido de suicídio. “A instituição lamenta profundamente o episódio. As circunstâncias estão sendo apuradas e, posteriormente, traremos mais detalhes”, destacou.
Casos de feminicídio
Apenas neste ano, 13 mulheres foram vítimas de feminicídio no Distrito Federal. Em maio, a PCDF computou quatro casos. O penúltimo deles ocorreu na terça-feira (14/05/2019), em Taguatinga.
Henrique Farley Carneiro de Almeida, 36 anos, matou a companheira a facadas e jogou o corpo dela em uma tubulação de esgoto, na chácara Santa Luzia. Maria de Jesus do Nascimento Lima, 29, foi encontrada após a polícia receber denúncias sobre a existência de um cadáver no local.
Na casa da vítima, os investigadores da 21ª Delegacia de Polícia encontraram as palavras “Culpado. Foi ele quem me matou” escritas na parede com caneta esferográfica azul.
Neste 2019, o Metrópoles inicia um projeto editorial para dar visibilidade às tragédias provocadas pela violência de gênero. As histórias de todas as vítimas de feminicídio do Distrito Federal serão contadas em perfis escritos por profissionais do sexo feminino (jornalistas, fotógrafas, artistas gráficas e cinegrafistas), com o propósito de aproximar as pessoas da trajetória de vida dessas mulheres.
O Elas por Elas propõe manter em pauta, durante todo o ano, o tema da violência contra a mulher para alertar a população e as autoridades sobre as graves consequências da cultura do machismo que persiste no país.
Desde 1° de janeiro, um contador está em destaque na capa do portal para monitorar e ressaltar os casos de Maria da Penha registrados no DF. Mas nossa maior energia será despendida para humanizar as estatísticas frias, que dão uma dimensão da gravidade do problema, porém não alcançam o poder da empatia, o único capaz de interromper a indiferença diante dos pedidos de socorro de tantas brasileiras.
Metropole
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