Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz vão a júri popular acusados de matar Marielle e Anderson

A Justiça do Rio determinou, na terça-feira (10), que o PM reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz sejam julgados por júri popular pelas mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

Os dois respondem por duplo homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, emboscada e sem dar chance de defesa às vítimas. Os advogados informaram que vão recorrer.

"O embate entre a tese ministerial (do Ministério Público) e as defensivas deve ser decidido pelo Tribunal Popular", escreveu o juiz Gustavo Gomes Kalil, que não determinou data para o julgamento.
Marielle e Anderson foram executados no Estácio, bairro na Região Central do Rio, em 14 de março de 2018. Ronnie e Élcio estão presos há um ano, e a sentença os mantém no presídio federal de segurança máxima de Porto Velho, em Rondônia.

Família comenta

Viúva de Marielle, Mônica Benício classificou a determinação desta terça como um "passo importante".

"Sem dúvida alguma é um passo importante na luta por Justiça para Marielle e Anderson. São 2 anos de profunda dor pessoal que se intensifica pela impunidade até hoje. Nada poderá trazer Marielle e Anderson de volta, mas só é possível pensar em um mínimo de paz no coração quando todos os responsáveis forem condenados. É avançar no processo. É preciso garantir o direito das famílias de terem acesso aos documentos. É preciso identificar os mandantes e as motivações. Não é possível falar de democracia no Brasil sem justiça para Marielle e Anderson", disse.

Irmã de Marielle Franco, Anielle Franco disse que não esperava que a Justiça decidisse antes de 14 de março que os acusados de matar a vereadora iriam a júri popular.

"É algo que a gente não esperava que fosse sair logo agora, antes do 14 de março. Mas talvez por isso, por essa data, eles [a Justiça] estejam trabalhando. Afinal, já são dois anos sem resposta. Mas é algo a nosso favor. É como eu vejo. É uma virada de página e o início de um novo processo e, quem sabe, a gente saiba quem mandou [matar Marielle]", afirmou Anielle.

Relembre o caso

 
Marielle Franco e Anderson Gomes — Foto: Reprodução/JN
Marielle Franco e Anderson Gomes — Foto: Reprodução/JN
Marielle e Anderson foram atingidos por tiros de uma submetralhadora por homens em um carro que seguia o que eles estavam, na Região Central do Rio.

Ronnie Lessa é apontado na denúncia como o autor dos disparos. Ele estaria no banco de trás do Cobalt que perseguiu o carro da vereadora. Segundo a investigação, Élcio de Queiroz dirigia o Cobalt usado para perseguir as vítimas.

Só em 12 de março de 2019, dois dias antes de completar um ano do crime, os dois foram presos. Até hoje, não se sabe quem mandou matar Marielle.
 
Arte lembra o dia do atentado e mostra, segundo a denúncia do MP, onde estavam os ex-PMs — Foto: Infografia: Karina Almeida e Juliane Souza/G1Arte lembra o dia do atentado e mostra, segundo a denúncia do MP, onde estavam os ex-PMs — Foto: Infografia: Karina Almeida e Juliane Souza/G1
Arte lembra o dia do atentado e mostra, segundo a denúncia do MP, onde estavam os ex-PMs — Foto: Infografia: Karina Almeida e Juliane Souza/G1
O caso é tratado como sigiloso pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. A Polícia Federal havia se oferecido para assumir as investigações, mas o estado declinou.

A Procuradoria Geral da República (PGR) pediu ao STJ para que o caso deixe de ser apurado por autoridades estaduais do RJ. O julgamento está previsto para o final do mês de março, dias após o crime completar dois anos.

Diário da Paraíba com G1

Postar um comentário

0 Comentários