O influenciador digital Felipe Neto tem sido vítima de acusações falsas e de ameaças nas redes sociais. Nesta quarta-feira (29), esses ataques foram parar na porta da casa dele.
Felipe Neto estava em casa quando o carro de som parou na entrada do condomínio onde ele mora, no Rio. O homem que gritava no microfone se identifica nas redes sociais como Cavallieri, o guerreiro de Bolsonaro: "Chega, chega! Cadê você, Felipe Neto?".
Um outro homem, que gravou com o celular, faz questão de aparecer. "Eu boto a cara, eu boto a cara junto", diz.
O vídeo foi postado em uma rede social. Assim como uma ilustração em que Cavallieri aparece segurando um fuzil ao lado de crianças assustadas e outro vídeo em que faz ameaças: "É, Felipe Neto.
A gente vai se encontrar em breve. Eu quero ver se ‘tu’ é macho. Eu quero ver ‘tu’ tirar onda comigo.
Teus seguranças não me intimidam não, irmão, que aqui também o bonde é pesado”.
Nesta quinta (30), Felipe falou das agressões na frente da casa dele. “Virem atrás de mim, dentro da minha casa, é um nível de perseguição que eu não imaginei que aconteceria. Sabe aquele vilão de novela, que você fala assim: não existe na vida real? Mas existe. Ele está aí, ele acontece. E eu estou vendo agora na prática até onde as pessoas são capazes de ir”, afirmou.
Felipe Neto é um dos maiores influenciadores digitais do país; tem 63 milhões de seguidores em redes sociais. Ganhou fama com vídeos de humor, muitas vezes com críticas ácidas a personagens e situações comuns aos jovens. Nos últimos anos, passou a falar também de política, com críticas frequentes ao PT durante o governo Dilma Rousseff. Desde a eleição, o influenciador também tem criticado duramente o presidente Jair Bolsonaro.
Há duas semanas, o jornal americano "The New York Times" publicou um vídeo de Felipe que teve grande repercussão. Em inglês, ele diz que Jair Bolsonaro é o pior líder mundial no combate contra a Covid.
A partir daí, Felipe passou a ser vítima de uma campanha de destruição nas redes sociais que, na tarde desta quarta, deixou de ser virtual. "Pilantra, pilantra, pilantra. Para mim é um pedófilo disfarçado de apresentador de crianças", acusou Cavallieri ao microfone na porta do condomínio do influenciador.
Uma montagem falsificou o perfil dele em uma rede social, com uma mensagem que ele nunca escreveu, fazendo apologia à pedofilia. Na semana passada, o Fato ou Fake do G1 checou a autenticidade da mensagem e constatou que ela é falsa, mas a postagem provocou prejuízo à imagem de Felipe.
Em um levantamento feito pela equipe dele, nos sites de busca, o nome dele já aparece ligado à palavra pedófilo. “Eu nunca imaginei que fosse passar por isso, eu nunca dei qualquer margem ou qualquer suspeita, ou levantei qualquer tipo de insinuação que pudesse levar qualquer pessoa a me associar com esse crime tão perverso, tão odioso. E ver isso acontecendo... As pessoas, por não terem nada para falar sobre mim, inventarem posts. Pegarem a minha foto e montarem no photoshop posts como se eu tivesse escrito. Aquilo mostra o quão vil é o coração dessas pessoas. O quanto elas estão dispostas a fazer o que quer que seja”, destaca Felipe.
Nesta terça-feira (28), dezenas de entidades como a Associação Brasileira de Imprensa, Instituto Igarapé e Instituto Vladimir Herzog assinaram uma carta em defesa da liberdade de expressão e condenaram o que chamaram de "campanha organizada e estruturada, contendo informações comprovadamente falsas, com o intuito de prejudicar a imagem de sua pessoa".
"Esses ataques online, eles têm repercussão na vida real das pessoas. A difamação e essa guerrilha digital contra alvos específicos está calando, está ameaçando a nossa democracia", explica Ilona Szabó, diretora-executiva do Instituto Igarapé.
O professor de direito Thiago Bottino diz que os responsáveis pelos ataques à imagem de Felipe na internet e a ação com carro de som podem responder a processos nas áreas cível e criminal: "Podemos ter, em primeiro lugar, um crime de ameaça, que é quando alguém ameaça de praticar algum tipo de mal, causar algum tipo de dano. As palavras que forem ditas por essas pessoas podem caracterizar tanto injúria quanto difamação. Eventualmente, calúnia também".
Felipe Neto reforçou a segurança dele e da família alguns meses atrás, quando os ataques pela internet ficaram mais pesados e mais constantes. Ele tem também a ajuda de especialistas em tecnologia que rastreiam e registram essas ameaças e depois enviam tudo para a polícia.
Ele contratou ainda uma equipe de advogados para processar os responsáveis pelas fake news. E diz ainda que as ameaças que sofreu na porta de casa também serão denunciadas à polícia.
“Discorde de mim, me questione, exponha erros que eu tenha cometido ou possa ter falado. Mas não minta. Não tente atacar com ódio, com raiva e com vontade de arruinar a vida da pessoa. Porque o que está acontecendo comigo hoje, pode amanhã acontecer com você que está fazendo isso, pode acontecer com alguém da sua família, pode acontecer com qualquer pessoa do país. Então, tenha responsabilidade usando as redes sociais. Entenda que essa campanha de assassinato de reputações, ela é feita através de mentiras, ela é feita através de manipulação. E que as pessoas manipulam, que esses grandes líderes manipulam justamente essas pessoas que fazem os envios, encaminhamentos.
Não seja manipulado por essa orquestra, por essa articulação”, defende.
Jornal Nacional
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