A Polícia Civil apreendeu, pela primeira vez, cocaína preta no Rio Grande do Sul. O entorpecente, que estava escondido em pacotes de açaí em pó, foi encontrado em Novo Hamburgo, na Região Metropolitana de Porto Alegre, na terça-feira (2).
Segundo a polícia, um colombiano, de 36 anos, que mora no Brasil desde 2011, foi preso. Na casa dele, em um condomínio de apartamentos de classe média alta, foram encontrados 26kg da droga.
Conforme levantamento da Receita Federal, 1kg da droga é vendido por 30 a 35 mil dólares. Com a conversão, a polícia estima que foram apreendidos cerca de R$ 6 milhões em droga.
O delegado da 1ª Delegacia de Polícia de Novo Hamburgo, Tarcísio Kaltbach destaca que foi uma ação muito rápida.
"Na segunda à tarde recebemos a visita da Receita Federal que confiou essas informações que até então estavam sendo apuradas pela Receita de Novo Hamburgo. Nos passaram que havia um colombiano que estava recebendo alguns pacotes de açaí e aquilo causou certa desconfiança. Uma pessoa de fora do país recebendo pacotes de vez em quando causou estranheza nos órgãos de inteligência", destaca.A partir disso, a polícia identificou o suspeito e começou a monitorá-lo.
"[Um homem] que trabalhava em um estabelecimento comercial de NH, na área da gastronomia, e que possui uma empresa de produtos naturais. Chegando a conclusão de que era uma empresa de fachada. Uma pessoa de classe média, morando em um condomínio de apartamentos de classe média alta, com família, empregada, sem nenhuma passagem policial. Que ali poderia estar acontecendo alguma situação", diz o delegado.
O homem foi abordado enquanto recebia uma carga de 13kg de pacotes de açaí em pó, com a droga escondida, na tarde de terça.
"Havia inúmeros pacotes em pó. Foram abertos naquele instante. Já havia uma suspeita de um eventual tráfico, e havia um produto com uma coloração totalmente diferente da cor do açaí, não era cor de vinho, era cor preta."
O Instituto Geral de Perícias (IGP) foi acionado e, segundo o delegado, ficou surpreso com o tipo da droga.
"Porque se tratava de um produto que não reagia ao teste preliminar onde se coloca o reagente na cocaína branca para ela ficar azul. Foi levado a exame laboratorial. Se percebeu que se tratava de uma cocaína modificada quimicamente. Onde cachorros farejadores não farejam. Onde a sua cor não é a cor tradicional. Mas com poder lesivo, muito agressivo ao ser humano, uma droga muito mais forte que a cocaína branca. Uma droga rara e cara."
Ainda não há informações de onde a droga seria comercializada, mas a polícia confirma que ela veio de Manaus.
"De acordo com checagens e pesquisas que realizamos ao longo da noite, essa droga é desenvolvida pelo cartel de Cali da Colômbia, e comercializada em alguns países da Europa e na Turquia. Informalmente até o preso nos relatou que recebia 10 mil apenas para receber essa droga. Sendo que recebia 13kg por remessa. Encontramos 13kg no momento da entrega e mais 13 na residência".
Dificuldade na identificação
De acordo com a polícia, por não ter cheiro e se tratar de uma droga com aparência incomum, pode passar despercebida em eventuais abordagens.
"São diferentes complexos de misturas feitas juntas a pasta base dessa cocaína. É uma droga, sim, que pode passar despercebida, sem ter sido vista por ninguém. Porque ela não tem cheiro, ela não tem a cor tradicional de uma droga, e ela não reage ao reagente comumente empregado nas apreensões que são levadas até a DP. Isso demandaria um exame laboratorial, por isso que nós devemos ficar atentos a essa nova droga, que ainda é novo para todos nós", explica o delegado Tarcísio.
O delegado destaca que a investigação continuará para averiguar se há ligação da droga e do cartel colombiano com alguma facção do Vale dos Sinos.
G1
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