Ex-mulher de Bolsonaro falta a depoimento sobre suposto tráfico de influência do filho ‘zero quatro’

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A ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro Ana Cristina Valle faltou a um depoimento à Polícia Federal no inquérito que investiga se o filho deles, Jair Renan Bolsonaro, conhecido como o filho “zero quatro”, cometeu o crime de tráfico de influência.

A informação foi publicada pelo jornal “O Globo” nesta quinta-feira (21). A TV Globo apurou que Ana Cristina não apresentou qualquer justificativa ao faltar ao depoimento. A PF estuda marcar uma nova data para ouvir a ex-mulher de Jair Bolsonaro e deve intimá-la novamente.

O inquérito investiga se Jair Renan atuou, em novembro de 2020, para que a empresa Gramazini, do ramo de mineração e construção, conseguisse duas reuniões no Ministério do Desenvolvimento Regional para falar sobre um projeto de construção de casas populares. A PF apura se a conduta configurou tráfico de influência (quando alguém usa uma posição de poder para favorecer terceiros junto à administração pública irregularmente).

A suspeita é que o dono da Gramazini tenha financiado a empresa de Jair Renan, a Bolsonaro Jr Eventos e Mídia. A PF também quer saber qual é o papel de Ana Cristina na captação de recursos para a empresa do filho.

Jair Renan é o quarto dos cinco filhos do presidente (quatro homens e uma menina). O empresário é filho de Bolsonaro com Ana Cristina Valle. No ano passado, causou repercussão no meio político a mudança de Jair Renan e da mãe para uma mansão avaliada em R$ 3,2 milhões em um bairro nobre da capital federal.

Empresa de eventos

A Bolsonaro Jr Eventos e Mídia foi criada no fim de 2020. A festa de inauguração da empresa, que teve cobertura de fotos e vídeos feita de graça por uma produtora que prestava serviços para o governo federal, contou com a participação de um dos sócios da Gramazini.

Além disso, um parceiro comercial do filho do presidente, Allan Lucena, que dividia o escritório com ele, disse que ganhou um carro elétrico da empresa Neon Motors, ligada a Gramazini, como revelou o jornal “O Globo”.

Em um vídeo, Allan Lucena aparece saindo do carro que, segundo ele, foi doado pelas empresas “Gramazine e grupo WK”.

À época da abertura do inquérito, o Ministério do Desenvolvimento Regional disse que as reuniões foram marcadas a pedido de Joel Fonseca, um assessor especial do presidente da República.

Jair Renan Bolsonaro e o parceiro comercial dele, Allan Lucena, participaram pessoalmente das duas reuniões no ministério, ao lado de empresários — um deles da Gramazini — em novembro do ano passado.

Em um dos encontros, o então do Desenvolvimento ministro Rogério Marinho estava presente. Na agenda pública, só o nome do assessor da Presidência aparece — não há menções ao filho do presidente ou aos empresários.

O Globo

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