O juízo da 2ª Vara Criminal da Capital determinou a intimação do ex-governador Ricardo Coutinho, o irmão dele Coriolano Coutinho, e de Anelvina Sales Neta, por meio de seus advogados, para apresentar “resposta à acusação” na ação penal decorrente da Operação Calvário que apura denúncia de corrupção e lavagem de dinheiro.
O juízo informa ainda que o filho do ex-governador, não foi localizado para receber a intimação e pede manifestação do MP . “Por outro lado, o denunciado Ricardo Cerqueira Leite Vieira Coutinho não foi
encontrado para ser citado pessoalmente no endereço constante da denúncia. Assim, intime-se o Ministério Público para se manifestar, no prazo de 10 (dez) dias”, despachou.
A denúncia do Gaeco/MPPB denuncia esquema em que pessoas ligadas a Ricardo Coutinho recebiam dinheiro para ser repassado ao chefe do Executivo, e que recursos de propina teriam sido utilizados para aquisição de uma casa em condomínio de luxo na Capital paraibana.
“No mascaramento de vultuosas quantias provenientes do pagamento de propina, estipulada na ordem de 10%2, por meio da derradeira aquisição (integração dos valores3) de um imóvel de natureza residencial, localizado no condomínio Bosque das Orquídeas, ………….. pelo valor de R$ 1.767.000,00 (um milhão setecentos e sessenta e sete mil reais) e, bem assim, a aquisição de insumos agrícolas para a Fazenda Angicos, não
obstante o pagamento de diversas despesas pessoais, vez que se constatou que IVANILSON ARAUJO, por meio de suas empresas e através de ANELVINA SALES NETA, repassava propinas para RICARDO VIEIRA COUTINHO, por meio de RAQUEL VIEIRA COUTINHO, CORIOLANO COUTINHO E DENISE KRUMMENAUER PAHIM. Revelou-se ainda que RICARDO CERQUEIRA LEITE VIEIRA COUTINHO simulou a compra de um imóvel de propriedade do pai, RICARDO VIEIRA COUTINHO, visando a ocultação da origem ilícita do patrimônio deste”, diz a denúncia.
“Seguindo no rastro desses valores, comprovou-se que no dia 22/02/2018, IVANILSON ARAÚJO, sócio administrador da empresa SANTANA AGROINDUSTRIAL LTDA, recebeu do GOVERNO DO ESTADO DA PARAÍBA, por meio dessa sociedade empresarial, a quantia de R$ 2.995.400,00 (dois milhões novecentos e noventa e cinco mil e quatrocentos reais), fato que corrobora a exigência de um percentual próximo à 10% (dez por cento)6, por parte do então Governador e líder da ORCRIM RICARDO VIEIRA COUTINHO, sobre os valores de pagamento firmados em contratos administrativos, como condição para que fossem processados e efetivados”, acrescenta a investigação.
R$ 70 MILHÕES PAGOS A EMPRESAS – “De acordo com os dados obtidos no Sistema Sagres do TCE/PB, se encontram manifestamente dispostos nas autorizações de pagamentos deferidas a esse grupo econômico,
por parte do GOVERNO DO ESTADO DA PARAÍBA, entre os períodos de 2011 a 2018, na ordem de
R$ 58.041.493,35 (cinquenta e oito milhões quarenta e um mil quatrocentos e noventa e três reais e trinta
e cinco centavos), como dito, muitos destes processos de pagamento e contratação eivados de
sérios vícios, os quais serão objeto de denúncia a parte, porém, deixam entrever a promíscua relação entre os denunciados, materializada pelas várias transações triangulares detectadas no curso do presente esforço e abaixo discriminadas.
Outrossim, no compasso da narrativa pormenorizadamente supra disposta, as predileções econômicas e financeiras de RICARDO VIEIRA COUTINHO por essa concentração de empresas, controladas direta ou indiretamente por IVANILSON ARAÚJO, também resplandeceram na RURAL REPRESENTAÇÕES E COMÉRCIO LTDA, posto que, nos anos de 2013, 2014 e 2016, o GOVERNO DO ESTADO DA PARAÍBA dispendeu em seu favor, ordens de pagamento que totalizaram o valor de R$ 12.009.679,50 (doze milhões nove mil seiscentos e setenta e nove reais e cinquenta centavos). Assim, temos que o grupo empresarial chefiado por IVANILSON ARAUJO, obteve do Estado da Paraíba, pelo menos, R$ 70.051.172,85 (setenta milhões cinquenta e um mil cento e setenta dois reais e oitenta e cinco centavos”, revela.
“A sensação de impunidade é tão visceral que o grupo SANTANA remete, ainda, a RICARDO VIEIRA COUTINHO, por meio de CORIOLANO COUTINHO, R$ 10.208,00 (dez mil duzentos e oito reais) em “silagem de sorgo”, por meio da NFe 4675-19 (doação), para a Fazenda Angicos”.
DEFESA – A denúncia foi recebida no final do ano passado, e os réus na ação criminal terão oportunidade de apresentarem suas defesas.
O Blog se coloca inteiramente à disposição para publicação da versão e defesa dos réus neste processo criminal.
Blog Marcelo José