A estada do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas vizinhanças da Disney, em Orlando (FL-EUA), está cada vez mais perto de ser abreviada, diante do acúmulo de fatos que o levam para o centro das investigações sobre a tentativa de golpe ocorrida no último domingo. No Congresso e junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), o cerco se fecha com mandados de prisão e abertura de uma comissão parlamentar de acompanhamento do inquérito sobre a quebradeira nas sedes dos Três Poderes.
Ainda assim, Bolsonaro insiste em fustigar o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo sobre ‘fake news’, em curso no STF. Na noite passada, voltou a publicar desatinos sobre as eleições brasileiras, em um vídeo com mais informações falsas sobre o processo eleitoral, em seu perfil no Facebook (FB). Alertado para o risco de produzir provas contra ele próprio, apagou a publicação apenas algumas horas depois.
No vídeo disseminado por Bolsonaro, uma personagem identificada como ‘Dr. Felipe Gimenez’ afirma que “Lula não foi eleito pelo povo”, mas “escolhido e eleito pelo STF e TSE”. Diferentemente do que afirma a fonte do ex-mandatário, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu as eleições com 50,9% dos votos válidos contra 49,1% dos votos destinados a Bolsonaro.
Evidência
Apesar da tentativa de eliminar a mensagem, o conteúdo ganhou as redes sociais, apenas dois dias depois da invasão aos prédios públicos, derrubada de torres de alta tensão e tentativas de obstrução das estradas, em todo o país. Os atos, cometidos por bolsonaristas radicalizados pelo comando de terror, foram frustrados, no entanto, pela ação imediata das forças policiais legalistas.
Somado à mensagem mentirosa publicada em seu perfil no FB, o afastamento do governador do Distrito Federal (DF) Ibaneis Rocha (MDB), por determinação do ministro Alexandre de Moraes — referendada no Plenário da Corte, nesta tarde — é mais uma evidência na participação do ex-presidente, nos atos terroristas. As prisões decretadas contra o ex-secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, e do agora ex-comandante-geral Fábio Augusto Vieira, também pesam contra o ex-mandatário neofascista.
O interventor federal da segurança pública do Distrito Federal, Ricardo Cappelli, confirmou nesta tarde que a manifestação golpista somente foi possível devido a uma “operação de sabotagem” nas forças de segurança locais. Com a presença do ex-ministro da Justiça no governo passado, Anderson Torres, em Miami (FL-EUA), a apenas alguns minutos do condomínio onde hospeda-se o ex-superior hierárquico, o fato torna-se incriminador.
Contato
Atual ministro da Justiça, o ex-governador Flávio Dino atribuiu a responsabilidade dos atos terroristas à trama organizada para, segundo afirmou, promover a mudança de planejamento na estratégia de segurança, capaz de anular todos os procedimentos anteriormente acordados. Em reunião entre as forças federais e distritais, ficou combinado que o acesso à Esplanada dos Ministérios e à Praça dos Três Poderes estaria bloqueado, o que não ocorreu no domingo.
— Infelizmente, houve uma avaliação das autoridades locais de que seria possível, na última hora, mudar o planejamento. Esse planejamento foi modificado e isso ensejou que essas pessoas descessem até próximo do Congresso Nacional e, em seguida, o descontrole que vocês viram — lamentou Dino.
A cadeia de comando dos atos que antecederiam o golpe de Estado, contudo, começa a ser decifrada. Entre os terroristas presos até agora está o empresário Jamildo Bomfim de Jesus, de 60 anos, dono da Edithal Locação de Mão de Obras Eireli, que, desde 2014, recebeu R$ 24 milhões em contratos com o governo federal. Bomfim teria ligações próximas ao Palácio do Planalto, segundo apurou a reportagem do Correio do Brasil, junto a uma fonte da Polícia Federal (PF).
Correio do Brasil
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