‘Ainda estou aqui’. Filme brasileiro disputa a tão sonhada estatueta neste domingo

 ‘Ainda estou aqui’. Filme brasileiro  vai disputar, na noite deste domingo (2), a tão sonhada e cobiçada do mundo do cinema estatueta neste domingo Em meio a muita folia e bebida para esquecer os problemas, o brasileiro terá neste domingo (2) a grande oportunidade de ver, talvez, uma compatriota (Fernanda Torres) receber o Oscar de melhor atriz. Não é pouco. Se vier, será a consagração do cinema brasileiro, pouco acostumado a reviver sua história. O filme ‘Ainda estou aqui’, de Walter Salles, conta não apenas sobre a luta de Eunice Paiva pelo direito de ver reconhecido o Estado assassino na ditadura militar, que tirou dela e dos familiares a convivência do ex-deputado Rubens Paiva. Ele traz também uma lição sobre o que nós, brasileiros, não queremos mais ver na história.

Nossa maior chance de vitória é com Fernanda Torres, que interpretou maravilhosamente bem Eunice Paiva. Ela também reconstrói neste trabalho o caminho da mãe, Fernanda Montenegro, indicada para o prêmio em 1999, com o filme Central do Brasil, também dirigido por Walter Salles. ‘Ainda estou aqui’ concorre, ainda, nas categorias de Melhor Filme e Melhor Filme Internacional.

A história narrada na película ganhou protagonismo internacional pelo momento em que vivemos, com o fortalecimento, em vários países, de ideias muito parecidas com o que nos levou ao nazismo e ao fascismo um século atrás e à Segunda Guerra Mundial. Valores que namoram com saudações nazistas, supressão de políticas públicas e perseguição a tudo e a todos os que ousam pensar ou agir diferente.

No caso do Brasil, o filme, assim como o livro homônimo que serviu de inspiração para ele, escrito por Marcelo Rubens Paiva, filho de Rubens e Eunice, nos remete a um tempo que não queremos reviver. E melhor, que precisamos combater. Vale lembrar que estivemos bem perto deste regresso em 8 de janeiro de 2023, quando os três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) resistiram a uma nova tentativa de golpe. Um plano traçado por amantes do período em que qualquer um poderia ser preso para “averiguação” sem o conhecimento da família e, não raro, torturado e morto.

Fernanda Torres é a protagonista do filme “Ainda Estou Aqui” - Divulgação

Quem leu o livro e viu o filme percebeu que ambos trazem a luta de Eunice sobre perspectivas diferentes. O primeiro sob o olhar do filho, autor da obra. O segundo com protagonismo da própria Eunice, que levou uma vida inteira para ver restituído o direito de ter a morte do marido reconhecida como crime praticado pela ditadura militar. Neste período, ela migrou da condição de dona de casa que adorava ler para uma advogada militante dos direitos humanos e da causa indígena.

A cerimônia do Oscar 2025, com apresentação de Conan O’Brien e transmitida diretamente de Los Angeles, pode não nos trazer a premiação, mas nada vai tirar de nós o gostinho de ter revivido a nossa história e lembrar que se for para lutar por nossa liberdade, todos precisaremos estar aqui.

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